As relações entre pais e filhos começam a se estabelecer desde a fase embrionária, hoje tão comumente relacionada pela Medicina Psicossomática e pela Psicologia do Desenvolvimento do feto; tendo tudo começado pela suspeita e hoje já sendo observado como verdade, as propriedades das relações estabelecidas pela comunicação, ou toque, e variações ambientais, colaboram para hipotecarmos suspeitas concretas e fundamentadas da importância da saúde emocional como primordial para saúde daquele embrião em desenvolvimento.
A criança desde o seu nascimento tem um interacionismo com os adultos que a cercam pela responsabilidade dos atos observados e sentidos. Desde a fase de lactação, ao sugar o leite do seio da mãe, há uma participação do carinho, calor e sonoridade que se faz percebida.
Como já pesquisado e relatado em diversas dissertações e teses, desde cedo no ventre da mãe, há manifestações da sexualidade, como a ereção espontânea do menino e a lubrificação vaginal.
Tudo que é observado e estudado comprova que a importância da saúde emocional dos pais durante a fase gestacional é fator dos primeiros passos da saúde psicosexual da criança.
É uma visão arcaica a de que uma criança não possuí consciência do seu corpo e da sua sexualidade. Há uma necessidade irremediável do conhecimento do seu corpo, manifestado através da curiosidade crescente que a faz manipular o seu corpo (em especial a área genital).
Os pais ficam até certo ponto chocados com sua realidade que não pode ser negada, e de acordo com a sua atitude frente o comportamento infantil, começará a se estabelecer mensagens de aceitação diante do sexo.
Brincar com os órgãos genitais é salutar e representa um primeiro caminho de descoberta do corpo e do prazer; se os pais reprimirem, tomando atitudes desaprovatórias, a criança tomará como mensagem negativa podendo ser a causa de futuros problemas sexuais. Muitas vezes à atitude da manipulação de seus órgãos sexuais adquirem uma conotação de sujeira por parte dos pais, que demonstram um extremo receio e criam ênfases de limpeza nas mãos a cada toque dado, mesmo em atividades manipulatórias como a urina.
Os pais em contrapartida, não criam limites de sua posição quanto à preocupação sanitária com a manipulação sexual, em que muitos casos por falta de conhecimento acham prejudiciais. É justamente o contrário que deve ser estabelecido, respeito à individualidade emergida e um entendimento da descoberta sexual da criança. Os únicos limites a serem praticados seriam Ada não exposição pública e do local reservado a ser praticado.
É de fundamental importância que os pais adquiram uma atitude positiva frente à percepção das crianças, de seus relacionamentos afetivos, a criança observa e traduz no seu nível a percepção do significado do encontro amoroso de um casal. Um beijo assim como um tapa, são dois lados de uma moeda que interferirá em sua vida afetiva e sexual.
Quanto mais natural for à relação dos pais quanto à percepção do corpo e das manifestações evolutivas do comportamento mais saudável será o desenvolvimento da criança. Um exemplo usual é o da criança que em casa possuí liberdade de tomar banho com os pais, de não terem de camuflar a nudez, e ter saciada a curiosidade sobre o seu corpo e o dos pais. Este fato representa uma consciência maior do corpo e um desbloqueio em relação a sua intimidade e de seus futuros parceiros.
É muito interessante verificarmos em entrevistas, que muitos ou quase a totalidade dos pais, não se lembram das primeiras brincadeiras sexuais, ou de suas curiosidades em relação ao corpo quando crianças. Esta amnésia seletiva deve-se explicar pelo possível bloqueio que se estabelece na puberdade que inibe na consciência a lembrança de comportamento partilhados anteriores.
Não devemos esquecer que para as crianças, brincadeira é brincadeira, e que a avaliação dos pais não pode nem deve seguir os seus critérios adultos de valores. Um adulto não pode estigmatizar como sexo uma brincadeira infantil sexual.
Os pais que rotulam de feio, sujo e proibido, baseado em seus valores, provavelmente estará acarretando comportamentos distorcidos que acumularão conseqüências desastrosas no amadurecimento afetivo-sexual.
Quando a criança atinge a um estágio em que há uma consciência do elemento erótico das atividades sexuais (aos oito e nove anos), e a estimulação sexual pode vir acompanhada de fantasias, e que possibilitará o enamoramento. Esses encontros poderão auxiliar as crianças a aprender a se relacionar com os outros, tendo diretas conseqüências no desenvolvimento psicosexual na idade adulta.
Podemos verificar que há desenvolvimento da socialização na medida em que há observação do relacionamento dos pais e adultos que a cercam é positiva. As fantasias estabelecidas no encontro amoroso das primeiras experiências representará uma antecipação e afirmação daquilo que ela acredita e espera de um relacionamento afetivo (que inegavelmente é baseado em sua convivência com os pais).
A Educação Sexual é primordial na construção da saúde emocional de um indivíduo. Os pais que tem a possibilidade de instruírem seus filhos de modo claro e objetivo tendem a afastar-lhes o perigo de uma educação difusa e distorcida fora de casa, através de grupos sociais distantes, muitas vezes de um padrão saudável.
O comportamento adulto estabelece padrões, que muitas vezes confundem a criança com seus valores e práticas distantes daquelas usualmente vivenciadas em suas atividades lúdicas diárias.
Uma visão diferenciada dos valores, da crítica e das regras, favoreceriam uma troca mais real de dois mundos distantes pertencentes ao mesmo conjunto. É a tarefa, mas árdua e em compensação a mais satisfatória, a da compreensão do porque desta distância e do seu real dimensionamento, na construção de adulto.
Aqueles adultos que conseguem ser saudáveis em suas relações e passam respeito e compreensão com suas crianças, tem a recompensa de um futuro de equilíbrio e saúde sexual para aqueles que talvez não tenham herdado seus sonhos e desejos, mas que com certeza terão herdado o prazer de se relacionar e viver.
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