quinta-feira, 11 de novembro de 2010

SÓCRATES E A INTRIGA


Um homem esbaforido achegou-se ao grande filósofo Sócrates e sussurrou-lhe ao ouvido:
-Na condição de seu amigo, tenho algo de muito grave para dizer-te.

O sábio, prudentemente disse-lhe então:
-Já passaste o que me vais dizer pelos três crivos?

O primeiro é o da verdade: guardas absolutas certeza se aquilo que me pretendes comunicar é verdadeiro?
-Bem, assegurar, não posso. Mas ouvi dizer, ponderou o interlocutor.
-Então, decerto, peneirastes o assunto pelo segundo crivo, o da bondade. Ainda que não seja real o que julgas saber, será pelo menos bom o que me queres contar? –questionou o filósofo.

Hesitando, o homem replicou:
-Muito pelo contrário. Não é nada bom.
-Ah, então recorramos ao terceiro crivo, o da utilidade, e notemos o proveito do que aflige, tornou Sócrates.
-Útil não é, aduziu o visitante.

Arrematou, então, o filósofo, num sorriso:
-Se o que me tens a dizer não é verdadeiro, nem bom e nem útil, esqueçamos o problema.   


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